sábado, fevereiro 16, 2013

Capacetes

Muitas coisas mudaram para melhor, nos últimos 30 anos, no que diz respeito às práticas
dos condutores de motocicletas no Brasil. A legislação, a fiscalização e a aplicação de multas
colaboraram imensamente para que alguns costumes fossem incorporados ao dia-a-dia dos
motociclistas brasileiros. O uso do capacete é o melhor exemplo destas mudanças positivas de
comportamento provocadas pelas exigências do código de trânsito em vigor.

As empresas que fabricam, montam ou importam capacetes aproveitaram da situação e
transformaram completamente o mercado, oferecendo uma variedade maior de modelos
mais bem acabados e seguros. A maioria dos produtos autorizados para a venda pelo Inmetro
contam com viseiras de dois milímetros de espessura, cascos produzidos com material
plástico muito resistente, engates rápidos nas alças de pescoço, forros internos removíveis
para lavagem e pinturas com grafismos cobertos por verniz. E o melhor: os preços não
acompanharam a evolução. Pelo contrário, tornam-se mais em conta a cada dia.

Mas nem tudo vai bem para o consumidor. As peças de reposição para capacetes são caras,
sobretudo as viseiras que chegam a custar 25% do valor pago pelo produto. Para uma peça
que - ao contrário do que é informado pelo fabricante - risca com facilidade e tem que ser
trocada por uma nova com regularidade para proporcionar segurança, o preço torna-se
salgado.

O lojista passa por vilão nesta história, afinal foi na loja que o cliente comprou o capacete e
ele espera que haja peças de reposição para o modelo à disposição, quando ele precisar, a um
preço que ele julgue ser justo. Haveria, se tais produtos fossem oferecidos pelas indústrias,
importadores e distribuidores de capacetes e afins de forma regular.

No anseio de tornar seus produtos atraentes em um mercado competitivo, as empresas
lançam novos modelos não só com grafismos diferentes, mas com formatos de cascos e
viseiras também diferentes. Em alguns casos, as mudanças são anuais. Para aqueles modelos
que saem de linha, também é descontinuada a oferta de peças de reposição originais.

Já as fábricas de acessórios para capacetes - da linha chamada de paralela - não produzem os
itens de todos os modelos comercializados no país, concentrando a produção naqueles mais
vendidos. Tal estratégia produz uma situação, no mínimo, curiosa: apesar das indústrias de
capacetes terem se esforçado para evoluir seus produtos, os modelos mais vendidos não são
os melhores, os mais atuais e os mais baratos (pelo que oferecem). São modelos antiquados
– alguns com mais de 30 anos – que utilizam viseiras de péssima qualidade, mas que são
encontradas em qualquer loja por um preço irrisório. Constrangedor é verificar que estes
modelos de capacete contam com o selo do Inmetro.

Gustavo Fernandes, jornalista e empresário do ramo de motopeças.

Vespasiano - MG

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